segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Procura-se

Notícia: Detetives particulares oferecem seus préstimos aos donos de animais.

Em tempos de extermínio da nossa fiel guarda protetora, uma notícia dessas altera o cenário da segurança pública metropolitana. Um grupo de investigadores reformados elaborou um sofisticado método para encontrar animais de estimação que por alguma razão sumiram do aconchego de seus sofás, almofadas, gaiolas e quiçá, aquários. Tanta sensibilidade não poderia partir de um representante da espécime humana dotado de falo; foi uma ex-combatente das regiões longínquas da periferia paulistana que decidiu fundar a ONG Praça das Donas de Pets depois que, pela terceira vez, noticiou pelos postes do bairro o sumiço de sua cadelinha Vida. A militante era fã incondicional da über model Gisele e da multifuncional apresentadora, culinarista, crítica de BBB: Ana Maria Braga. Ambas mantinham como fiel escudeira uma mini cadela com a mesma consignia.
Dorothy era o nome da capitã, que após baixar primeira enfermaria por um série de ataques histéricos , decidiu se dedicar ao trabalho social com os animais. Tamanho foi o sucesso que aceitou o conselho do velho e íntimo amigo, sub tenente Antônio e, em tempos de recessão, ofertou seus serviços para além da fronteira do terceiro setor.
Trata-se de uma tática inspirada na famosa polícia israelense: o DNA dos animais é catalogado em um sistema digital interligado ao Departamento de Zoonoses, um grupo de associadas - assistentes sociais, solteironas, aposentadas e donas de gatos - visitam a residência das vítimas a fim de verificar hábitos e interesses do pet desaparecido. Como foram treinadas por uma equipe ultra capacitada, colhem também informações a respeito dos fatos. Munidas de seus smarts phones com plano ilimitado de internet, preenchem o inventário on line que automaticamente cruza os dados do desaparecido com o banco de dados da carrocinha. O grupo mantém de plantão, equipes a paisana em pontos estratégicos da cidade. Praça Buenos Aires, Parque Vila Lobos, Ibirapuera, Alto de Pinheiros e Moema são as regiões com maior número de casos. Normalmente o investigador se disfarça de dono de pet para registrar comportamentos suspeitos. Cães, gatos e calopsitas também são treinados e colaboram voluntariamente em troca de biscoitos, sachês de atum e grãos de alpistes.
Grupos e páginas em redes sociais recebem a informação e mantém atualizadas minuto a minuto as notícias. O grupo conta com um número para denúncias anônimas e oferece serviço de proteção as testemunhas. Quanto antes o grupo for acionado melhor. Os cartazes e faixas são distribuídos pela bairro e os anônimos observam a reação das pessoas nas filas do supermercado, padaria e açougue, que enquanto esperam na fila comentam a notícia. O resultado não é garantido, mas sabe-se que boa parte dos sumiços foram propositais. Desavenças entre vizinhos, disputa por raças e animais raros motivam os crimes. Como não há legislação para combater tamanha infração, a ONG se propõe a métodos de reparação pública. Uma vez encontrado, Dorothy sugere aos proprietários divulgarem uma foto do criminoso nos mesmos meios de comunicação onde foram feitas as buscas. Os preços variam de R$ 2500,00 a R$ 10.000,00 , dependendo do porte do bichinho, valor afetivo e renda mensal da família solicitante. A empresa orienta seus clientes a adquirir uma coleira com GPS para acompanhar seus passeios com os Pets-walkers, suspeitos incondicionais.
Dia desses, a feliz presidente da entidade civil sem fins lucrativos, em viagem turística a Las Vegas acompanhada de seu amigo mais íntimo Totó, prestou seus serviços a um deprimido dono de um tigre de bengala que foi visto pela última vez no banheiro de uma suite presidencial.
Na última atualização do Facebook havia uma foto do casal com o tigre recém encontrado.





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