domingo, 6 de janeiro de 2013

Circo vende tudo

A prática família vende tudo surgiu em meados do século XV a partir do movimento das grandes navegações. Os impérios, sem moedas de ouro para finalizar a construção das caravelas, decidiu pela venda de badulaques trazidos da Rússia, comprados após a morte do Czar Ivan, o Terrível. A linhagem Dom (formada por uns portugueses mestiços de angolanos e indianos) ostentava quilômetros de jardins e, como modesta não era a sua maior qualidade, expunham as peças na entrada da Casa Real. Passado uns séculos, os lusos descendentes paulistanos, motivados pela falência dos planos econômicos, decidiram levantar os portões de suas edículas imperiais e ... vender, tudo. Peças de arte, enxovais, serviços de mesa de porcelana chinesa e até uns ovos Fabergé, herança do Ivan. Costume instituído, criou derivantes entre outros setores, por exemplo: o circo.
O Circo é um agrupamento de pessoas estranhas, com hábitos estranhos, que se auto intitulam companhia. Sua origem data de épocas milenares pagãs e, achados documentais indicam que Cristo não esteve envolvido no processo de construção do projeto.
Assim como os portugueses, os bizarros mantiveram o costume da itinerância; são andarilhos bem intencionados que cobram pequenas quantias em troca de um pouco de surpresa e graça. Como a crise nasce pra todos - parece que nada de muito grave aconteceu com os suíços até agora - foi a vez da turma da lona desarmar a barraca.
Os anões foram confiscados pelos pesquisadores da UNIFESP para montar um ambulatório de especialidades, os elefantes e leões aceitaram a proposta do Safári depois que a peste se abateu sobre os bichinhos. A gorda barbuda subverteu a forma, após uma oferta, de Antes e Depois, disponibilizada pela turma da bariátrica e da Lygia Kogos. Emagreceu 50 quilos, fez uma depilação a laser e virou garota propaganda, com direito a outdoor na Av. Brasil número 1650. A contorcionista, contratada pelo Globo, foi dar o ar da sua graça na Turquia carioca, ganhou o papel de protagonista do núcleo Dança do Ventre.
E assim foi, um a um. O motorista do Globo da Morte abriu uma cooperativa de moto-boys e ganhou uma licitação da prefeitura para atender a região central. A vendedora de algodão doce começou a vender geladinho de yogurte nos faróis da cidade; com esse clima tropical, fez muito mais sucesso! O atirador de facas, ganhou bolsa de estudos no Paul Bocuse e conseguiu vaga no Michelin 3 estrelas, habilidoso como ninguém para desossar a bicharada.
A moça da bilheteria arranjou emprego com uma amiga, na Atento, em menos de seis meses, de operadora de telemarketing, galgou a supervisão do departamento. O motorista do trailer, que também era o domador das feras, encarou a linha Capão Redondo - Ferraz de Vasconcelos.
Sobrou o palhaço, que em ano eleitoral, perdeu a data para se candidatar a cargo público. Restaram ele é sua bicicleta. Desiludido, resolveu pedalar na ciclo via da Marginal e foi então que teve a grande idéia: liquidar pra capitalizar!
Avistou a turma canadense montando acampamento em parque estadual e cobrando por pessoa, o equivalente ao seu faturamento mensal. Ali, logo abaixo da passarela, decidiu armar sua banca e, etiquetas impressas, vendeu as quinquilharias da trupe como se fosse o original dos gringos.
Tivemos notícias do sucesso, pelo trânsito na região e pelo cartão postal , enviado dia desses pelo dissidente do chão de serragem que, na última temporada, virou diretor de marketing da nova companhia.
Sa va bien!


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