Dia desses escutei um ragazzo comentar, com uma pitada de pedância machista, que não admira as pessoas que utilizam "ou seja" na escrita. Segundo ele, se for preciso o uso da conjunção conectiva explicativa (sim, parece que a categoria gramatical é essa ), indica que você não deu conta de passar seu recado na frase anterior, sendo assim seria melhor voltar e fazer bem feito.
Discordo. A pequena dupla de palavrinhas, além de explicar de outro jeito o que já foi falado (para aqueles que não entenderam corretamente a idéia), funciona como um anúncio pré-catártico conclusivo. Dito de outra forma, revela ao interlocutor a ênfase do locutor. Vejamos alguns exemplos:
1.Gastei cerca de cinco minutos na edição de número X da revista Caras. Entre traições, casamentos e separações me surpreendi com uma longa reportagem iconográfica a respeito da ordem de sucessão dos tronos do velho mundo. Nas fotos das famílias de porcelana encontrei uma linda garotinha com nome de princesa do século XVIII - Marie Sophie Madelaine Helene de etc e tal - que ilustrava o texto "A próxima rainha". Por curiosidade dei uma goolgada e entendi que até pouco tempo atrás a busca por um novo monarca respeitava um esquema chamado de sucessão agnatícia. A dinastia seguia a determinação genética fálica ; as moçoilas estavam fora e os filhotes machos do rei tocavam o barco. Por alguma razão talvez estatística ou climática, nos últimos anos a nobreza diminui a produção de meninos e as garotinhas tomaram conta dos jardins dos palácios imperiais. Sem muito o que fazer, numa linda tarde de verão, os nobres decadentes marcaram um happy hour a beira do Báltico. Choppinho vai, choppinho vem se deram conta que para manter o poder em família era preciso mudar o sistema; os gorduchos que além de cerveja entornaram umas caipirinhas assinaram, sem pestanejar um guardanapo que dizia que daquela data em diante a sucessão respeitaria a primogenitura absoluta ou igualitária. Explico: a primeira cria nascida, independente de ser fálica ou super-fálica, assumiria a coroa e o cedro pink, ou seja meu caro, as mulheres estão dominando o mundo.
2. Na discussão das relações de gênero lembrei de um bate papo com um representante dos Machos Alfas, creio que também do século XVIII. A linha de raciocínio do tigrão seguia uma defesa "mulher minha não trabalha, não paga conta e não carrega peso". Sem muito rigor acadêmico, nem precisa ser professora de gramática para perceber a quantidade de erros presentes numa frase tão curtinha. Minha é pronome possessivo que quando usado da forma acima, em geral refere-se a seres inanimados, como bolsas, sapatos, bijuterias. Não paga a conta demonstra que leitura de jornal não esta entre os hobbies do moço, que pouco sabe sobre a situação econômica do país que tem entre a maioria dos provedores financeiros dos lares brasileiros uma representante do sexo feminino. Não carrega peso indica total desconhecimento da anatomia feminina, afinal o fofo não nasceu de chocadeira e a dona fofa carregou o rebento por nove meses. Além do mais, depois que inventaram a mala de rodinha, o empacotador do Pão de Açúcar, o macaco hidráulico automático e todos os serviços de deliverys, só carrega peso o pessoal da batata que trabalha no CEAGESP, ou seja meu caro, baita comentário demodê.
3. Mas apesar do meu ímpeto feminista, somos poderosas, mas não somos auto-suficientes. Adoramos gentilezas, músicas românticas, dividir o domínio do controle remoto e a sobremesa do almoço de domingo, dormir até tarde enquanto vocês cuidam das crianças e até assistir jogo de futebol (prefiro os da Copa, é claro!), ou seja meu caro, não vivemos sem vocês!
Assinado Patricia Bader dos Santos, ou seja, Patchu.
Bj
1.Gastei cerca de cinco minutos na edição de número X da revista Caras. Entre traições, casamentos e separações me surpreendi com uma longa reportagem iconográfica a respeito da ordem de sucessão dos tronos do velho mundo. Nas fotos das famílias de porcelana encontrei uma linda garotinha com nome de princesa do século XVIII - Marie Sophie Madelaine Helene de etc e tal - que ilustrava o texto "A próxima rainha". Por curiosidade dei uma goolgada e entendi que até pouco tempo atrás a busca por um novo monarca respeitava um esquema chamado de sucessão agnatícia. A dinastia seguia a determinação genética fálica ; as moçoilas estavam fora e os filhotes machos do rei tocavam o barco. Por alguma razão talvez estatística ou climática, nos últimos anos a nobreza diminui a produção de meninos e as garotinhas tomaram conta dos jardins dos palácios imperiais. Sem muito o que fazer, numa linda tarde de verão, os nobres decadentes marcaram um happy hour a beira do Báltico. Choppinho vai, choppinho vem se deram conta que para manter o poder em família era preciso mudar o sistema; os gorduchos que além de cerveja entornaram umas caipirinhas assinaram, sem pestanejar um guardanapo que dizia que daquela data em diante a sucessão respeitaria a primogenitura absoluta ou igualitária. Explico: a primeira cria nascida, independente de ser fálica ou super-fálica, assumiria a coroa e o cedro pink, ou seja meu caro, as mulheres estão dominando o mundo.
2. Na discussão das relações de gênero lembrei de um bate papo com um representante dos Machos Alfas, creio que também do século XVIII. A linha de raciocínio do tigrão seguia uma defesa "mulher minha não trabalha, não paga conta e não carrega peso". Sem muito rigor acadêmico, nem precisa ser professora de gramática para perceber a quantidade de erros presentes numa frase tão curtinha. Minha é pronome possessivo que quando usado da forma acima, em geral refere-se a seres inanimados, como bolsas, sapatos, bijuterias. Não paga a conta demonstra que leitura de jornal não esta entre os hobbies do moço, que pouco sabe sobre a situação econômica do país que tem entre a maioria dos provedores financeiros dos lares brasileiros uma representante do sexo feminino. Não carrega peso indica total desconhecimento da anatomia feminina, afinal o fofo não nasceu de chocadeira e a dona fofa carregou o rebento por nove meses. Além do mais, depois que inventaram a mala de rodinha, o empacotador do Pão de Açúcar, o macaco hidráulico automático e todos os serviços de deliverys, só carrega peso o pessoal da batata que trabalha no CEAGESP, ou seja meu caro, baita comentário demodê.
3. Mas apesar do meu ímpeto feminista, somos poderosas, mas não somos auto-suficientes. Adoramos gentilezas, músicas românticas, dividir o domínio do controle remoto e a sobremesa do almoço de domingo, dormir até tarde enquanto vocês cuidam das crianças e até assistir jogo de futebol (prefiro os da Copa, é claro!), ou seja meu caro, não vivemos sem vocês!
Assinado Patricia Bader dos Santos, ou seja, Patchu.
Bj