domingo, 24 de março de 2013

Sobre os betas e a vida domestica

Essa noção de família pós-moderna tem algumas desvantagens. Vivo rodeada de seres da espécie macho-folgado. Eles representam uma categoria de animais evoluídos com capacidade de aprender línguas, dirigir máquinas potentes, decifrar programas de computação de última geração, equilibram-se como malabaristas sobre duas rodas; conseguem até raciocinar imersos a uma infinidade de estímulos sonoros.
No entanto, cientistas descendentes da boa e velha teoria evolucionista não deram conta de explicá-los. Certamente representam a mesma espécie! Anos de estudos não elucidaram a persistência dos dentes caninos, dos pêlos pubianos, do dedo mindinho do pé e da falta de noção de organização dessa espécie.
Creio em falha genética; talvez sejam desprovidos de alguma estrutura cerebral capaz de ampliar a visão periférica e armazenar na memória informações simples , como colocar a roupa no cesto de roupas sujas. Já tentei a linguagem de símbolos. inspirada nos estacionamentos dos shoppings, criei até um sistema doméstico de comunicação visual, por exemplo: no cesto de lixo orgânico há uma placa nomeando o produto a ser recebido e uma foto, ao lado em outro formato e cor existe um dispensário para lixos recicláveis. Chequei se a escola trabalhou em estudo do meio esse tema e por precaução, mantive os mesmos sinais. Estabeleci indicadores que avaliam a funcionalidade do sistema; com direito a revisor e tudo. No caso citado, conto com a ajuda dos funcionários públicos que a cada sábado recolhem os recicláveis. Algumas vezes recebi uma notificação de não conformidade por encontrarem restos orgânicos junto com as garrafas e vinho do macho-folgado adulto.
Dentre o conjunto de sinais encontrados, não raro, percebemos uma carência nos menores por pequenos animais domésticos. Aqui em casa, dia sim outro também, recebo solicitações para aquisição de um ser canino. Quase cedi, mas iniciei medicação em épocas de maior vulnerabilidade hormonal: TPM. Numa dessas adquiri um singelo peixe-macho-beta-invocado. O vendedor garantiu que o tempo médio de vida era de 6 meses. Pois bem, alguma radiação local somado aos cuidados das representantes fêmeas, mantém a vida do peixinho há mais de 1 ano. Aos domingos, como de costume lembro que o animal precisa de cuidados, ato contínuo ouço : " Ah mãe! Por que eu? Não sei! Não consigo! Já vou! Me ajuda?".
Receosos com a evolução da conversa, decidiram acompanhar o pai ao supermercado, que voluntariamente se ofereceu para assumir essa nobre tarefa de encher e esvaziar carrinhos. Delicadamente perguntou se faltava algo na caverna, anotei meia dúzias de itens com nome e sobrenome para não correr riscos. Após alguns instantes de paz, retornaram e quando vou armazenar os suprimentos descubro que no lugar do papel higiênico habitueè da casa, ele decidiu pela compra do Fofopel Lavanda, que continha na embalagem a foto de um coelhinho vítima de raiva.
Respirei fundo, reforcei a dose do estabilizador de humor e abasteci os banheiros com a lixa de parede. Daqui a pouco o menor grita: " Mãe , que papel ruim é esse? ". Acho que vou dar uma caminhada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário