quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sexo, gênero e pictogramas

 Sexo, gênero e pictogramas

Em poucas horas já avancei algumas páginas ( quase cem ) do tão comentado livro, atravessei com louvor o primeiro encontro amoroso - afinal uma mãe de família deve manter a linha, fazer o jantar, colocar as crianças para dormir e cama! 
Como passei o dia ocupando os intervalos com uns pedaços de leitura, posso me considerar -só por hoje - uma portadora de transtorno hipersexual, pensei, li, falei e presenciei cenas que me fizeram pensar em sexo por mais de 5h - neste dia! Como consolo para meu quadro transitório patológico encontrei na descrição do manual de psiquiatria um item de rodapé que indica que os sintomas não devem estar associados aos efeitos diretos de uma substância psicoativa; sem especificações e com o direito que meu dever me confere cataloguei o livro como tal. Bom, mas deixemos as justificativas para lá! 
Retornando do trabalho, costumo atravessar a democrática avenida do Jockey. Ela condensa a pacificadora convivência das casas e escritórios classe AAA com a diversidade de profissionais do sexo. Acho que respeitam o horário comercial, ou ao menos o turno de 8 horas. As 6 da manhã não estão, tão pouco as 8 da noite. No começo a oferta conta com senhoras mal acabadas, mulheres plus size e transeuntes indecisas. Ao atravessar o túnel que desemboca próximo ao fim de uma auto-estrada, encontram-se as variações de trans que meus olhos conseguem identificar e as roupas mínimas conseguem esconder. Por ironia, a avenida nos leva a melhor universidade do país e lá, na entrada, estão as mulheres motorizadas, catálogos tridimensionais de borracharias. 
E estando na universidade, ainda que de passagem, lembro de um teco de estória - todas são fantasiosas! -  que escutei dia desses. Um garoto, com pouco mais de 18 anos, que namora uma almofada. Ele é bonito, tem um resto de infância eterna. Vivem juntos por todos os lados, incluindo os cantos inapropriados. Ela é grande, de contornos arredondados e formato retangular. Não possui medidas de modelo, ao invés dos 90/60/90 esperados, conta com 1.20/40 e 30 de profundidade. Mantêm relação estável e fiel. O tempo não interferiu nem mesmo na forma de dormir, estão sempre abraçadinhos. Ele se comporta como um cavalheiro das cavernas, as vezes é super amoroso, carrega no colo, outras, arrasta pelas beiradas sem se importar com os arranhões. Tem um quê de Sr. Grey! Tudo seria muito estranho, não fosse o fato dele ser autista. E como muitos, apresenta uma baita dificuldade em compreender o sentido oculto das coisas. Pictogramas, nem pensar! Do que se trata? Fiquei imaginando esse garoto lendo o livro ou passeando pela tal avenida; conseguiria entender como alguém goza com uma pitada de autoridade e suas consequências? E em relação aos mistos de gêneros expostos no meio da rua, o que diria? E caso fosse exposto a essa placa de banheiro aí encima, como resolveria seu problema fisiológico? 
Pena! Não pode usufruir da possibilidade de virar personagem hollywoodiano por instantes! Nem tão pouco transitar pelas infinitas modalidades de satisfação!  Ele, diferente da maioria, tem certeza, sabe quem encarna seu objeto de prazer. Outro dia perguntei a ele porque namorava a almofada e recebi: " por que ela é menina doutora, ela termina com A! ".


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