segunda-feira, 6 de maio de 2013

Como uma caminhada pode virar um programa de índio


Há tempos (não mais do que quinze dias) não via o núcleo íntimo da família. Sábado ensolarado, resolvemos proporcionar um almoço para os entes queridos (incluindo o cunhado-agregado). A simpatia do meu marido, num ato de gentileza, reforçou a lembrança para que trouxessem uma troca de roupa, afinal com uma casa tão espaçosa, todos poderiam ficar para dormir. Levaram a sério. Antes do meio dia uma van estacionou na minha garagem descarregando pessoas - munidas de malas - de todas as idades. 

Uhu! Quanta animação! Crianças correndo pelos cômodos, a música brigando por espaço com o barulho da TV, cerveja respingando no piso branco da cozinha, intrusos petiscando direto da panela, basicamente família como deve ser. 

O almoço estava ótimo; comemos, atualizamos o feed de notícias de todos os outros não presentes, discutimos as manchetes da semana e já programamos até o réveillon. Até aí, tudo bem! 

Normalmente após o quinto cafezinho, com os homens deitados na frente da TV (vendo alguma semi-final dos mil campeonatos existentes no mundo) e as crianças um pouco mais calmas, nós, as irmãs metralhas, costumamos levar o cartão de crédito da nossa mãe para dar uma volta no shopping. Propus que fossemos a pé, afinal uma breve caminhada ajudaria a atenuar os efeitos da refeição nababesca. Insisti, Deus sabe como insisti, mas a fofolete resistiu a investida, alegando medo do escuro. 33 anos! Faz me rir! 

Entre contra-argumentos, discussão acalorada, minha mãe desistindo do cartão,  aconteceu o inesperado: os presentes - menos os homens, é claro! - voltaram suas atenções para nós e em minutos, o que seria uma breve caminhada, tornou-se um mico: final de tarde de sábado, van apinhada, partimos rumo ao shopping abarrotado. Até a bisa, com quase noventa anos, acordou do sono eterno em frente a TV e veio a galope com o chinelinho na mão gritando: Eu também vou, eu também vou! Quero conhecer o shopping de Osasco! 

Socorro! Só uma vozinha octogenária para obter prazer num shopping de Osasco! Uma das crianças, a fim de garantir lugar na excursão, entrou no porta mala e lá ficou. Sem saída, partimos.

Bom, conseguimos permanecer cerca de 2h no estabelecimento, suficientes para comprarmos alguns itens de necessidade básica: um celular, um óculos de sol, uma chaleira elétrica, pilhas, uma camiseta do super homem, 20 pacotes de figurinhas, um morango no espeto, dois pretzels e cafés, muitos cafés. Preocupadas em perder um bebê de dois anos ou uma velhinha um pouco atrapalhada decidimos retornar. 

Parênteses: em outros textos já fiz listas de itens básicos e me dei conta que em todos, alguém comprou um óculos de sol; que família louca, né?!  

Quase próximos da saída, notamos pelos milhares de cartazes espalhados que estávamos em plena campanha do dia das mães. Evidentemente que não concorríamos a uma viagem para Suíça, tão pouco um kit da L'occitane. O brinde, compatível com o local, era um relógio de parede que mais parecia uma pizza brotinho; uma chapa de compensado adesivada com a palavra amor  entre duas maritacas, dois macacos prego e dois adoráveis  coelhinhos  (acho que sobrou da campanha do dia dos namorados). Enfim, nossa pequena fortuna de compras básicas nos garantiu meia dúzia de peças repetidas, uma vez que só ofereciam três lindos modelos. Virou piada. Trocamos um por cafés, os outros embrulhamos para presentes: daremos, no próximo dia das mães, para as sogras, para a tia avó, para a vizinha gente boa e para a bisa, que como anda meio surda não escutará o melódico motor importado da China. Enlouquecedor! 

Obviamente que na volta ao lar os meninos crescidos sorriam enquanto abriam mais uma cerveja. 

Família. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário