quinta-feira, 23 de maio de 2013

Momento catártico

 
Última meia hora de trabalho na internet, passada inevitável pelo face.
Toca o telefone e é a fofolete da atendente recém contratada pela porra do meu banco. Resolvi praticar a benevolência, uma das cinco metas para o próximo milênio. Afinal, tem sempre alguém mais ferrado do que a gente. Respondi com carinho todas as perguntas imbecis que levam do nada para lugar nenhum. Escutei com a atenção de um analista o discurso fabricado por alguma agência de publicidade.

 
- Temos algumas opções de produto para senhora.
- OK, siga aprendiz
- A senhora tem algum sonho para esse ano que ainda não conseguiu realizar?
- Faz me rir, né!?
- Não se...
nhora, um plano como carro, casa, viagem ao exterior,...
- Não senhora, meus planos são escusos, envolvem sangue, práticas recriminadas pelo estado. E meus sonhos nem meu marido pode saber.
- Entendo senhora, eu como sua consultora financeira quero lhe indicar uma linha de crédito.


 ( Pensei: essa pobre coitada que deve ganhar um salário mínimo por mês e tomar chicotada a cada ligação desligada se diz consultora financeira! Tem alguma coisa fora de órbita! Mas vamos lá: BENEVOLÊNCIA)

- Eu agradeço sua atenção, mas não tenho interesse.
- Entendo senhora, mas a sua linha de crédito pode acabar a qualquer momento.

 ( Quanto mais eu devo, mais linha de crédito aparece)

 - Ok, agora eu vou desligar.
- Entendo senhora, fico feliz em tê-la como cliente, mas as condições são vantajosas.

 (Aí eu perdi a classe)

- O negócio é o seguinte, eu não sou senhora, a senhora não é consultora financeira, aliás male male sabe fazer equação de segundo grau, por favor não me enche o saco e muito menos diga que fica feliz, a senhora não tem motivo para ser feliz ou tem? Tem carro, casa própria, já foi pro exterior, o filho passou de ano, seu marido tá empregado, quanto tempo você fica no trânsito até chegar no trabalho, esses caras dão alguma atenção pra você , sabem ao menos seu nome, então ... caso a senhora não tenha tv em casa essa propaganda é da porra do supermercado, aliás, aproveitando a ligação ... o que faz você feliz, hein senhora?

 (A mulher começou a chorar. Marquei um horário no consultório pro próximo domingo, é o único dia que ela pode. Benevolência, benevolência ...)


 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário