domingo, 28 de fevereiro de 2016

Seja feita vossa vontade.

Das diversas formas de morrer, surpreende a que demora dias.

Anunciam que morreu um pedaço importante, outros ainda não.

Então esperam a comprovação contrária; se nada houver,
iniciam a prova dos nove.

Testam uma, duas, até três vezes para que não haja dúvidas.

De resto espera-se: por um milagre, por um equívoco, por uma decisão.

Tempo interminável: remontam histórias, cenários, saídas e supostos desejos.

Preocupassem com o que confere poder: cuidam dos vivos, frágeis e indefesos.

Há quem brigue por direito, quem questione os fatos, quem convença a resignação.

Há quem se culpe, se revolte, se perdoe.

Há quem prefira a solidão, outros a multidão.

Já vi gente conversar, na maioria chorar, todos se desesperar.

Tá morta? Tá viva? Por quanto tempo?

Tá ouvindo? Sentindo? Sofrendo?

E quando abrir, vai perceber? Nada?! Mesmo?!

Sim, ela queria, sempre disse: se um dia eu morrer e puder aproveitar o que for de proveito aos outros, doe.

Tudo!

Seja feita vossa vontade.

Doou um coração, um pulmão, rins e fígado, olhos, pele e osso.

Doou um monte de vida.
 
Amém.

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