quarta-feira, 23 de julho de 2014

Há quarenta e oito horas as férias acabaram. De lá pra cá foram treze horas de sono, uma de caminhada, quatro entre necessidades primárias, cafés e leituras e o resto trabalhando. Antes do fim do primeiro período, senti pelo turgor da pele uma tristeza súbita; parecia a rotina invadindo minha circulação. Tremor no olho, fisgada na coluna, dormência no braço, hipersensibilidade nos poros; sintomas relevantes e ordinários do mais epidêmico dos males: estresse. Desapareceram antes do embarque: física e psiquicamente. Dias de sol, boa (e farta) alimentação, doses alquimicas de vinho, imersão em mar aberto, caminhadas de peregrino e sono, muito sono. Parecia imune por mais uma temporada. Humor estável, irritabilidade em parâmetros de normalidade, produções  oníricas que envolviam trabalho de forma cômica. Muita literatura intercalada com períodos de sonolência e despertar, caipirinha e água de coco, sonolência e despertar, ... embalado pelas notas do vento, das ondas e do rastejar dos calangos nordestinos. Crível de se estar e de se viver; por apenas quinze dias. Decisões tomadas: menos investimento no que é do homem, mais tempo para o ócio. Não-crível. Tropecei no primeiro degrau; nas pendências dos prazos das exigências dos parâmetros dos ideais. Peguei rabeira no para choque e equilibrei o corpo anestesiado pelo ritmo das férias. Senti um cansaço nas articulações, tão maleáveis a tão pouco tempo. Daquele cansaço que aprisiona os pés no chão; descarrega litros de sangue na rotunda do joelho, deixa a cabeça besta de idéias, quase dúvida do que vê, mas é fraco ou indignado para reagir. Daquele que provoca espanto e resistência a contaminação do mal, da intolerância, do estreitamento do tempo. Barafusta como a presa que sucumbi ao predador. É o fim. Das férias. 

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