quarta-feira, 13 de maio de 2015

Õ diazinho cudacobra! 

O celular deu sinal de vida antes das almas penadas se organizarem em fila na porta do inferno. As seis estávamos na rua; a meta era tirar sangue, engolir café e voar para escola. Ilusão! O trânsito parou, o sangue coagulou, o café derrubou. Fizemos tudo duas vezes. Não teve escola, nem trabalho no meio período. Teve velório de conhecido com pressa para o resto do expediente. 
Das cenas engraçadas que podem acontecer a beira da campa ali, no intervalo do nome do Pai com o Espírito Santo: "De quem é esse morto? Esse é meu! Então exuma pra abrir espaço pros novos, pode parcelar em três vezes." Sai no susto. 
Deu fome. Engoli um kebab capaz de adiar a dieta por uma semana e corri pra trás do divã. 
Atravessei o canal da mancha a braçadas mergulha-respira mergulha-respira, angustiada com a promessa da noite: reunião escolar. 
Sai a bruxa do consultório e, óbvio, o cartão travou, a cancela quebrou e a chave do encarregado estava jantando com ele. Fala sério! 
Tinha mais e mais trânsito e uma chuva fina que havia derrubado 3 motoqueiros e 2 ciclistas. Corpos recolhidos( e vivos!) foi a vez do túnel parar. Opção 1: a porcaria de algum jogo do campeonato emperrava a saída da esquerda? Opção 2: alguma exposição de gente rica ensinado como viver como gente rica emperrando a saída  da direita? Não era nada disso. 
Era uma gente bate-lata reivindicando nãoseioquê pela terceira vez na semana. 
Olha! Super respeito movimentos pops, mas o mínimo de planejamento não faz mal a ninguém. Podiam agendar, tipo toda primeira segunda do mês. Da tempo para mudar a rota, dia da reunião de filho, trocar carona, enfim ... desconfio que, se a USP não tomar providências, no próximo ano  a UNINOVÉDEZ lançará um curso de tecnólogo sobre Organização de Manifestações Populares. Conceito de  accountability para as massas! 
Nos 45 minutos dispensados na única pista disponível para ultrapassar a multidão, deu tempo para responder emails e roer as unhas (do pé). 
Sabichona, peguei carona na contra-mão e fui parada pelo seu guarda. (Nessa hora desconfiei que foi castigo pela piada das almas penadas). 
Para sorte do milícia,  o cidadão era aprazível. Dei uma piscadela e parti ( respondo daqui 30 dias se meus lindos olhos verdes renderam a infração ou o Haddad vai mandar a conta pelo correio). 
Finalmente cheguei, ultra atrasada. As cadeiras disponíveis estavam distantes do meu corpo; dei duas bolsadas e três bundadas nos pais generosos antes de aterrissar. 
Com a palavra estava a professora de matemática. Japinha simpática, articulada, dona do conhecimento aritmético, trazia um pouco de esperança sobre o futuro das crianças. Quase vi eles preenchendo no vestibular a opção engenharia. Bobinha!
A ninja em cálculos deu a vez pro barbudo charmosão disposto a me convencer de que a escolha (pela escola) valeu a pena: política e sociedade. O sujeito (de direitos, deveres e outras cositas más) lançou mão de Aristoteles, Hobbes e, findou a discussão chamando Marx de meu chapa. Cascata de desesperança! Já tô feliz se os cidadãos escaparem da FFLCH. 
A essa altura o kebab já havia virado restos. Em casa, exaurida, suada e esgotada de tanta informação descubro que, por falta de sol e de água, meu chuveiro estava minguado e gelado. (Essa foi castigo pela piada do cemitério)
Terminei a noite cantarolando, sem dó, nem piedade , o clássico da melodia popular: ocudaminhoca. 🎶
Minhoca, minhoca me dá uma beijoca. Não dô, não dô. Então eu te dou uma. Minhoco, minhoco, cê tá ficando lôco, você beijou errado a boca é do outro lado. 🎶🐉

Fofo! 😜

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