quarta-feira, 16 de março de 2016

Rímel

Já falamos sobre a conexão neurológica entre os cílios e os pelinhos do nariz?
Explico: na formação do tubo neural do feto durante a gestação, ocorreu ao cromossomo 2 , responsável pela pelugem pré-histórica do homos atualis, se responsabilizar pela raiz homóloga do nariz com os olhos. No entanto, sobrecarregado de trabalho (haja pêlo!), o cromossomo apressado fez um remendo: deixou que os cílios e os pelinhos do nariz formassem um fio único. 
Não haveria problema, não fosse a chegada no universo do Monsieur Eugene Rimmel, perfumista francês do século 19, preocupado com os odores e apresentação estética do seu povo. 
O fofo, à toa na vida, inventou um mini pincel que penteava os pêlos dos olhos dando as mulheres um ar de donzela romântica. 
Tamanho foi o sucesso que passado um punhado de anos o rímel se tornou item de higiene: ninguém sai de casa sem escovar os dentes, passar protetor solar e uma máscara para os olhos. 
Revolucionário. 
(...)
Em outro lugar do planeta, um bocado mais à frente do século 19, um moço governante de grande cidade decidiu que só poderíamos andar com os nossos carros, livremente, 4 dias da semana; o 5º sofreria restrições: bem cedo, no miolinho do dia ou bem tarde, do contrário multa neles. Montou um exército amarelo com armas em punho - papel e caneta - e lascou bala.
(...)
Circo armado: pular da cama antes do sono terminado para fugir dos guardas somada a necessidade cristã de esticar os cílios é certeza de acidente. 
Aconteceu hoje: atrasada para o primeiro compromisso com o rosto inchado da noite mal dormida, queimei a língua com o café quente, enquanto passava um reboque na cara; esqueci que quanto mais eu pincelava o rímel ultra-potente-doze-camadas-a-prova-dagua-vire-uma-estrela-hollywoodiana, mais eu estimulava os pelinhos do nariz, puxada de cá, cosquinha de lá, 
espirrei: alto, sonoro, repleto de perdigotos e lágrimas. 
Resultado: ganhei uma tatuagem versão Emília Clown Deprimida a um minuto de tomar uma multa e estourar meus pontos na carteira. 
Fui. 
Borrada e revoltada. 
E passei a manhã explicando que não era alergia, nem briga, nem doença rara: era a porcaria do rímel com duração 24 horas. 
(...)
Em tempo: não tem rímel que disfarce a cara de pau dessa gente de Brasília. 
Oremos! 

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