domingo, 13 de março de 2016

Fila

Domingo é dia de fila longa na padaria. Famílias unidas em busca do pão fresco, forçam intimidade. Foi o caso da mãe do Artur.
Logo à frente estava o pai do Joaquim, garoto de dedo gracioso que furou o pacote de maria mole.
" Não pode Joaquim! Vem cá e sossega!"
Empoleirou o pequeno no colo e seguiu esperando o chamado caixa-livre.
Já a mãe do Artur, sem colo para o filho, seguia equilibrando o saco de pão, o queijo prato, o presunto, o litro de leite e o pote de requeijão. O garoto, de olhos curiosos, investigava todos os itens da padaria.
" Que gracinha! Quantos anos ele tem?"
" Obrigado. 2 e 4."
" Ah! São terríveis nessa idade! O meu já tá com 3 e 1, muito melhor! Mais obediente! É só falar que ele para. (...) Artur, vem cá! Fecha a geladeira meu lindo!"
" Que bom!"
" Você vai ver como muda. Artur! Não fura o pote de yogurte, agora eu vou ter que pagar!"
" Sei."
" Parece que amadurecem ... Eu já falei menino, larga esse Kinder ovo. Não abre! Poxa Artur, outro chocolate! Meu amor, obedece a mamãe."
O pai do Joaquim apenas sorriu.
" Artur, volta aqui. A-R-T-U-R, não fura a melancia. Eu já falei ... não saia dessa padaria ... não coloca a comanda ai! E agora como eu vou sair?!"
A atendente interviu: caixa livre!
Joaquim já tirava uma soneca no colo do pai. A mãe do Artur insistiu.
"Fique tranquilo, você vai ver como ele vai melhorar logo. Artur ... tira a mão do lixo!"

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