domingo, 27 de dezembro de 2015

Cooperação



Primo pela coletividade: se todos estão razoavelmente bem, dificilmente alguém estará muito mal. Serve pra tudo e muito pro dia-a-dia.
Ir ao mercado, por exemplo; longe de ser uma tarefa prazerosa, porém obrigatória. Papel higiênico, pasta de dente, sabão em pó, cerveja gelada e a prateleira de guloseimas do armário não aprecem num toque de mágica. Não parece difícil, talvez um pouco trabalhoso, mas em bando tudo fica mais suave. Um empurra o carrinho, o outro organiza no cesto metálico, alguém carrega as sacolas e a marmitona aqui paga a conta na mais justa divisão de tarefas.
Só que antes do mercado, as pendências domésticas gritam por clemência: tirar a mesa do café, devolver a manteiga calorenta para a geladeira, garantir que o iogurte não vire ambrosia, dar uma lavadinha na louça, recolher o cocô do cachorro, varrer o chão da sala recoberto de micro pedaços de revista picotada pela mini fera, carregar o ipad coletivo, escovar os próprios dentes e pentear o próprio cabelo; tipo essas coisas.
Claro que a boa vontade de irem ao mercado, custou uma passada no shopping ( só pra ver quanto custa aquele brinquedo), outra na banca de jornal ( só pra ver se chegou a revistinha do X-man) e uma parada rápida naquela açougue gourmet ( só pra pegar uma paletinha de cordeiro, cê tempera pra mim? ).
Quase tudo pronto ( menos as toalhas molhadas penduradas nas fechaduras dos quartos e o lixo reciclável que tive que correr atras do caminhão), peço para terminarem de varrer o chão.
Claro mãe, pode deixar! Oh fulano pega a vassoura? Eu não, pega você folgado! Mas não fui eu que dei a revista pro cachorro! Nem eu! Ele que pegou! Então não sou eu que tenho que recolher. Você é muito folgado! Então pega a pazinha. Onde ta? Ta no lugar? E onde é o lugar? Você não sabe seu burro! Nossa, você pode pelo menos falar onde ta!  Vê se ta dentro da geladeira! Não ta! Já vi. Vai logo seu ridículo! Ridículo? Oh mãe! O fulano me chamou de ridículo! E você que me chamou de burro. É mesmo! Nem sabe onde fica a pazinha! Não vou mais recolher! Nem eu!
Tudo pelo bem coletivo.
Tenho certeza que seria mais fácil se tivesse pedido para desarmar uma ogiva nuclear. Fariam com rapidez e sem dificuldade, mas varrer o chão, ah! isso é muito complicado!


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