quarta-feira, 15 de abril de 2015

Acordei de raiva da pouca noite. Antes do aviso já sabia o humor: curto, crítico, irritado. 
Dia de tempo longo: de aulas, reuniões, atendimentos e nenhuma vontade. Desejo de só escrever e contar e escrever e só. 
Mas e daí o meu desejo?!
Se fosse o dono do dia começaria do avesso: acordaria as 10, hora de gente dormir e passaria  tempo sentado entre programa de culinária e livro inacabado; sem pressa.
O banho seria meticuloso, lendo rótulo de shampoo e brincando de piscar para desviar o ardido do olho.
Comeria de roupão e touca um desjejum farto e saboroso como o jantar.
E a ginástica do fim do dia viraria caminhada longa e alongada, dessas que termina no chão frio da sala igual cachorro no verão.
E não teria trânsito, porque o fluxo, contra, faria das neuroses, apaixonantes psicoses; de meio de noite inundadas por poemas com cervejas e cigarros e amigos.
E também não haveria supermercado, nem cano furado nem fim de gás.
Haveria tempo para plantar e cozinhar e apreciar o sabor amargo da couve.
Tempo de pintar as unhas dos pés e das mãos de vermelho paixão sem sofreguidão, e poderia esperar secar sem borrar.
As reuniões seriam encontros de pares comuns e comungados pelo bem coletivo, e não por um.
E aí, o anseio da necessidade de vontade viraria desejo, aspiração e inspiração: de escrever e contar e escrever e só.

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