quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quando digo de uma cena com um garoto de 19 anos que é autista e estuda na escola que trabalho há três anos como psicóloga, asseguro( a mim) um lugar de existência e identidade, onde repousa objetos que me dão contorno e interioridade. Eu sou a psicóloga do local, reconhecida pela posição que ocupo, pelas pessoas que lá trabalham, pelas famílias que confiam a nós uma possibilidade de mudança e eventualmente pelas crianças e jovens que lá freqüentam.
Ele não; ocupa um lugar oco, abismal, que ecoa a minha voz, ressoa quem sou, sem ao menos conseguir segurar minha mão e esboçar uma tentativa de desdobramento que o torne um diferente, capaz de determinações que possam ser suas.
É da minha interioridade a obrigação de reconhecê-lo.

PS: inspirado nos escritos de Juliano Pessanha. Recomendo a leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário