quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A base da nossa relação é uma mentira. Eu menti para ele na primeira vez, na segunda, na terceira e desde então, minto pelo menos duas vezes por semana. Normalmente minto as terças e quintas sempre no mesmo horário, por volta das 20h30 para não levantar suspeitas. As vezes tenho certeza que ele sabe, noutras ele disfarça tão bem que penso que nem desconfia. Eu chego com a maior cara lavada do mundo e ele me recebe sorrindo, com aquele caloroso boa noite. Faz de tudo para me proteger, se certifica se estou segura. Quando aviso para onde vou, mesmo sabendo que se trata de uma farsa, de um pretexto barato para levar vantagem, ele consente sem questionar. Mas já aconteceu, e talvez isso venha acontecendo com frequência, de ele me desejar bom descanso. Nessa horas eu sei que ele sabe e por algum motivo nega a realidade. Porque será? O que faz alguém viver na mentira? É como se aceitasse que naquela noite eu não voltaria. Talvez tenha cansado de esperar, foram anos esperando que eu voltasse e nada. Em janeiro faremos sete anos juntos; sete de anos de mentira. Tá na hora de acabar com isso. Tomei uma decisão, quando 2014 chegar e nos encontrarmos de novo lá na portão central da USP, após as oito da noite, horário proibido para turistas e ele, o guarda, perguntar para onde vou, ao invés de dizer que vou para a psicologia direi que vou para física. Espero que ele acredite.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário