Tanta coisa num só dia.
Francisco chegou. Chegou também um garotinho sem nome que
atende por Bebê Real. Coitado! Já se acostumou com a alcunha. Não adianta
chamar de João, José, Willians ou Charles. É Bebê Real e pronto! Curiosamente
os dois vieram com um vestido branco. Destoavam no tamanho, mas eram bem
parecidos.
Hoje também morreu um homem. Ele era velho, doente, já não
conseguia levantar, usar a casa de banho, muito pouco comia. Acreditem: cobriam
seu corpo com uma camisola branca como a do Francisco e do Bebê Real.
Tinha família, grande. Choravam a morte do homem mesmo
sabendo que estava para morrer. Não sei de que adianta saber! Os pais do bebê
sabiam do nascimento: choraram. Um monte de gente sabia da chegada do
Francisco, choraram. Como choram essas pessoas?! Por todos os
motivos: se chega, se nasce, se morre, se vai ... já aviso: logo, logo ele vai
embora e também vão chorar.
Curiosamente beijou a testa de uma criança e de um homem
velho doente. Como gosta de beijar?! Acho até que beijou a Dilma e o Barbosa,
que pelo visto não são muito de carinhos.
De todos, o que mais me emocionou num só dia, foram as
lágrimas do seu Agenor. Também homem, menos velho, não muito. Sem tanta saúde e
com tanta idade não conseguia emprego há anos. A família grande decidiu pagar
um pouco de dinheiro por mês para o seu Agenor fazer companhia ao homem doente.
Ele ganhava pela doença, não pela saúde. Eram seus membros que carregavam o
homem a casa de banho, suas mãos que levavam a colher de sopa a boca e seus
olhos e sua voz que liam as notícias do dia. Naquele dia seu corpo perdeu a
função.
Com a morte do homem, seu Agenor, ainda com tanta idade e
com um pouco menos de saúde, chorou. Mas como choram essas pessoas?! Ligou para
sua senhora e contou que novamente estava desempregado. Acho que ele chorou de
fome.
O Bebê tem um nome estranho, mas tem comida. A família
grande também. Seu Agenor não. Soube que Francisco é dado a reza. Pedi para ele
fazer uma oração pra toda essa gente.
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