terça-feira, 11 de junho de 2013

Bulgária


Ontem eu tomei uma decisão importante: vou morrer com 91 anos. Não tenho muita clareza porque aos 91 e não aos 90 ou 92, também não sei porque eu sonhei outro dia com a Bulgária; discutia intensamente com um amigo psiquiatra sobre qual era a capital, que caso você não saiba é Sófia. Ele não sabia. No meu sonho, é claro! 
Devo morrer em 2065 ou talvez em 2066, afinal só aniversario em setembro, até lá terei 91. Certamente não passarei da meia noite. Pretendo morrer em paz, talvez de cansaço, daquela fadiga que sentimos após um longo dia de trabalho, mais precisamente de um dia de labuta somado a uma hora de corrida. 
Faltam 53 anos para minha morte, tempo suficiente para reorganizar a minha agenda. Pretendo acumular dinheiro e sabedoria até os 60, depois pretendo acumular somente sabedoria, porque espero ter dinheiro suficiente para gastar até os 91. Aos 60 meus filhos terão idade suficiente para começar a acumular dinheiro; sabedoria eu tenho oferecido desde já. Veremos. 
Mas para chegar a entrada do quarto ternário (91 lembram?) talvez seja necessário tomar algumas providências imediatas. 
Meu joelho dói, disse meu ortopedista que preciso perder peso. Ele não sabe nada sobre meus planos. E sim: eu preciso, mas pela única razão de desejar me tornar uma nonagenária. 
Voltei a caminhar, ontem. Caminhei como uma peregrina profissional. Hoje quase morri, mas decidi andar novamente como uma aprendiz. Tarde da noite ganhei de presente do meu salário uma massagem. A fisioterapeuta - ela não é massagista - resolveu drenar os meus gânglios linfáticos um a um. Dói um pouco, menos do que meu joelho de peregrina. Ela teve o cuidado de colocar uma toalha em meus olhos, após perguntar se eu preferia conversar ou assistir a novela. Rosnei e ganhei uma toalhinha. Começou pelos dedos dos pés e terminou a frente no rosto, depois de apalpar cada linfonodo do meu abdômen. De bruços, na melhor posição para receber uma massagem, cochilei e voltei a pensar na Bulgária. Idéia fixa. Há anos conheci um búlgaro, namorado da amiga do meu vizinho. A única coisa que lembro, além dele tocar violoncelo, era de uma comida típica que sua mãe fazia: Kiopoolu; próximo de um antepasto de berinjela com pimentões vermelhos e tomate. Também lembrei do lutador de luta grego-romana que foi campeão do mundo em 1900: Nikola Petroff; mesmo ano que Freud lançou o seu Interpretação dos Sonhos. E por fim, que nossa presidenta tem descendência búlgara. Vai saber com qual dos três búlgaros eu conversava no sonho? 
Despertei do cochilo quando a colega que estava na maca próxima espirrou, seqüencialmente, 18 vezes. Alergia somado ao ato de tirar a sobrancelha. Tortura. Gasto em média mais tempo para fazer a sobrancelha do que para depilar meia perna e virilha. Mas aos 91 anos ninguém retira nenhum pêlo do corpo, todos caíram ... isso fica para uma próxima vez.
Bons sonhos. 

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